sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Menor desigualdade social no Ceará depende de qualificação


Queda histórica

90% da população economicamente ativa dos cearenses têm, em média, 7,4 anos de escolarização

Conforme um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Estratégica do Ceará (Ipece), o Estado atingiu, em 2011, seu menor nível de desigualdade social nos últimos 30 anos, chegando à marca de 0,5397 no Índice de Gini.

O Estado atingiu, em 2011, seu menor nível de desigualdade social nos últimos 30 anos, mas é necessário educar e capacitar para avançar mais FOTO: DIVULGAÇÃO

Apesar do resultado positivo, guiado pelos altos investimentos federais em programas assistencialistas na primeira metade dos anos 2000, o Ceará apresentou, nos últimos cinco anos, uma estagnada em seu ritmo de redução da desigualdade social, o que, apontam os especialistas, põe o Estado de frente para um novo desafio: o investimento em educação para a qualificação do mercado de trabalho.

"De 2005 para 2006, o Ceará teve um impacto muito favorável na distribuição de renda por causa de iniciativas como o Bolsa Família, porém, depois disso, quando o programa já possuía uma cobertura bem abrangente de beneficiados, a diminuição da desigualdade social deu uma desacelerada no seu ritmo", disse Vítor Hugo Miro, analista de políticas públicas do Ipece.

"Agora, a tendência de redução da desigualdade de renda depende diretamente da de rendimentos do trabalho que, por sua vez, depende de fatores dentre os quais se destaca a educação. Esta e os retornos proporcionados pela escolaridade constituem o principal mecanismo para uma melhor distribuição de renda via mercado de trabalho", avaliou, Miro. Para ele, a única forma de conseguir este avanço, sem ser pelo trabalho, seria aumentar os valores concedidos pelos programas do Governo.

Baixa escolaridade

Para o economista Carlos Manso, do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), da Universidade Federal do Ceará (UFC), os cearenses têm poucos motivos para acreditar em uma melhora considerável e imediata na distribuição de renda, como aconteceu nos primeiros anos do Bolsa Família. "O problema do Ceará não está na falta de profissionais, pois isso nós temos. A questão central é a escolaridade deles", disse. Para fazer esta crítica, Manso se sustenta em um levantamento do próprio LEP, que aponta que, em 2011, de toda a população economicamente ativa (aptos a trabalhar e gerar capital) do Estado, 90% tinham uma média de 7,4 anos de estudo, tempo insuficiente para completar o ensino fundamental.

Os outros 10%, no ano passado, representavam justamente a parcela dos mais ricos do Ceará, cuja média de escolaridade era de 10,8 anos. A fatia dos 10% mais pobres possuía, em média, 5,4 anos de estudo.

Demanda

"Hoje, os setores representados por empresas de alta tecnologia, que estão em ascensão no mercado, estão precisando de trabalhadores mais escolarizados, no entanto, não tem como você colocar em escolas profissionalizantes pessoas que não tiveram uma educação básica de qualidade, e é isso que está faltando para que a desigualdade social se reduza ainda mais por meio do trabalho", explicou. Para Manso, enquanto isso não acontecer, o Estado vai continuar importando mão-de-obra qualificada de outros estados para as atividades mais exigentes.

Outros estados

O mesmo estudo do LEP ainda compara o nível de escolaridade do Ceará com os de São Paulo e Santa Catarina, dois dos melhores do Brasil. De acordo com o levantamento, que tem como o base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, 17,04% dos cearenses economicamente ativos não tem nenhuma instrução, contra apens 4,57% dos paulistas e 5,18% dos catarinenses. Em relação àqueles com 13 anos ou mais de estudo - o que corresponde a, pelo menos, o ensino médio completo - o percentual no Ceará é de apenas 8,39%, enquanto, em São Paulo, chega a 17,08% e, em Santa Catarina, a 16,13%. Não por coincidência, estes dois estados possuem menores proporções de pobres (25% no Ceará, 4,74% em São Paulo e 3,67% em Santa Catarina) e maiores participações na renda brasileira (2,83% no primeiro, 27,71% no segundo e 5,18% no terceiro).

FIQUE POR DENTRO

Índice mede grau da concentração de renda

O Índice de Gini é um coeficiente utilizado pelo IBGE para medir o grau de desigualdade social de uma determinada região. A medição é feita entre zero e um. O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática, o cálculo costumar comparar os 20% mais pobres e os 20% mais ricos. O índice de Gini leva esse nome porque foi criado pelo matemático italiano Conrado

 Gini.




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