Quarto presidente do Brasil na era pós-redemocratização, que teve início em 1985, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso completa 80 anos neste sábado (18) e se mantém como um dos personagens mais importantes da política nacional.
O tucano, que chegou ao Palácio do Planalto após vencer a eleição de 1994, foi também o primeiro presidente a se reeleger para governar o país por dois mandatos consecutivos. Em ambas as disputas que ganhou (a segunda foi em 1998), o adversário era o petista Luiz Inácio Lula da Silva, que mais tarde, em 2002, tornou-se seu sucessor.
A relação entre FHC e Lula, aliás, é uma das mais inusitadas do universo do poder brasileiro. As duas eleições que disputaram, mais a vitória do petista, o que obrigou o tucano a entregar justamente a ele a faixa presidencial, aos poucos foram forjando uma ligação de antagonismo.
É comum ouvir, tanto deste quanto daquele, declarações que exaltam seus próprios governos e desdenham do outro. Enquanto Lula, que eternizou o bordão “nunca antes na história desse país”,passou os últimos anos minimizando os feitos do antecessor, Fernando Henrique costuma dizer que o rival apenas deu continuidade a um projeto que ele próprio concebeu.
Nesta semana, a troca de farpas entre os dois ganhou um novo capítulo. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, FHC disse que, embora se dê bem com Lula, a relação entre ambos não é melhor porque o petista “tem dificuldade em fazer gestos” com ele.
A afirmação foi feita porque Lula não cumprimentou o tucano por seu aniversário de 80 anos.
- Ele nunca me ligou por aniversário algum. O Lula e eu, quando estamos juntos, nos damos bem. Agora, ele deve ter algum problema psicológico, tem dificuldade em fazer gestos comigo.
O que colaborou para alimentar a polêmica foi uma carta elogiosa enviada a FHC pela presidente Dilma Rousseff. O tucano garantiu que não está magoado, mas lamentou a situação.
- Não é que me doa. Mas, do ponto de vista do Brasil, ex-presidente é bom que tenha uma relação civilizada.
Trajetória
Antes de ser presidente, FHC foi senador e ministro das Relações Exteriores. Mas foi no comando do Ministério da Fazenda, entre 1993 e 1994, durante o governo de Itamar Franco, que construiu a plataforma que mais tarde o alçaria à mais importante função do país.
Com o Plano Real, o tucano conseguiu domar o monstro da inflação, um dos mais crônicos problemas da economia brasileira, e se credenciou a ocupar a cadeira que era de Itamar.
Tanto em 1994 como em 1998, FHC derrotou Lula ainda no primeiro turno, prova de que, naquela época, desfrutava de altos níveis de popularidade.
Ninho tucano
Recentemente, Fernando Henrique voltou a ocupar lugar de destaque no PSDB. No mês passado, sua participação foi uma das mais festejadas no encontro que elegeu a nova Executiva Nacional do partido.
Os correligionários pretendem, aliás, fazer uma festa ainda em junho para homenageá-lo. O evento, marcado para o dia 30, ainda não tem local para ocorrer. O Senado, em Brasília, é uma opção.
Fernando Henrique Cardoso nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo. É professor emérito da USP (Universidade de São Paulo), lecionou no exterior e trabalhou na Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Foi casado com a antropóloga Ruth Cardoso, morta em 2008, e é pai de três filhos.
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