Minha gente! Vocês tinham que ter visto a homenagem que recebi na noite de ontem, 27, do cantor Edson Cordeiro, em pleno show aqui em Natal, no Teatro Riachuelo. Fui convidada pelo próprio, e ele falou isso no palco, acreditam? O interessante é que eu não sabia como reagir, e na hora que ele se referiu a mim e disse que não sabia se eu estava presente, fiquei em dúvida se me levantava, se gritava, enfim... acabei ficando calada mesmo, e depois me arrependi, mas tudo bem... afinal, nunca tinha recebido uma homenagem dessas antes, e o mais importante é que depois pude agradecer de perto por tudo.
Fiquei muito lisonjeada e, infinitamente feliz por saber, sobretudo nessas circunstâncias, que um artista do porte de Edson Cordeiro é sensível aos problemas da educação e da rotina d@s professores (as). O show tem uma dinâmica em que ele faz um breve histórico e algumas considerações sobre as músicas antes de cantá-las daquele jeito ímpar, que a gente já conhece, e foi nesse momento que falou sobre a sua família “matriarcal”, que conta com a sua mãe e mais três irmãs, inclusive uma que é professora, o que, segundo ele, contribuiu também para que a minha fala na Assembleia Legislativa do RN chamasse a sua atenção. Essa foi parte da apresentação que fez para, nada mais, nada menos, que “Angélica”, aquela canção que Chico Buarque compôs, durante a ditadura militar, em homenagem a Zuzu Angel, e que ele ofereceu para mim, depois de dizer que, assim como Zuzu, eu também usei a minha voz para mudar a realidade. A minha sensação foi indescritível. Já estava sensibilizada pela arte em si, e a isso se somou a emoção pela homenagem tão delicada, o orgulho por ser mulher, por ser professora, a indignação pela injustiça cometida contra Zuzu e tantas outras mães na ditadura, pela injustiça que ainda hoje se repete contra as trabalhadoras que amargam péssimas condições de trabalho e que não conseguem garantir o sustento dos seus filhos, nossa! Tudo isso se traduziu nas lágrimas que não consegui conter de jeito nenhum!
Gostaria de agradecer publicamente a Edson pelas suas palavras, pela sensibilidade, pela solidariedade, pelo reconhecimento à nossa profissão e pelas palavras de estímulo. Aproveito para mandar um abraço para sua irmã, a professora Sueli, e para repetir o que lhe disse no camarim: tenho grande identidade com Zuzu desde que conheci a sua história, quando ainda estava na Universidade e, por isso, tenho essa canção de Chico entre as minhas prediletas. Daí, mais um elemento para tantas lágrimas...
A canção em homenagem a Zuzu mostra a insistência dela, em perguntar tantas e tantas vezes pelo seu filho “desaparecido”. Ela nunca desistiu. Nunca cansou. Nós também não cansaremos de repetir nossas perguntas. Por que tanta injustiça? Por que tanto luxo para uns e tanta pobreza para outros? Por que a educação continua assim? Por que tanto desrespeito? Essa é a nossa luta. E, com certeza, continuaremos cantando sempre "esse mesmo estribilho", "esse mesmo arranjo", mesmo que pareça repetitivo e óbvio, até que sejamos ouvidas!
Todo apoio às Zuzus, Suelis, Veras, Marias, Joanas, que mostram sua força e nossa “teimosia”, que insistem em mostrar o que acontece nas escolas, que não aceitam isso como algo normal. Um beijo especial às educadoras do Rio de Janeiro, que há dias estão acampadas na secretaria de educação.
Como na ditadura, os artistas estão mostrando que estão do lado do povo. Edson Cordeiro, Osmar Prado e a tod@s @s artistas que estão solidári@s à nossa causa, mais uma vez, o meu muito obrigada!
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