Bruno Boghossian, de O Estado de S.Paulo
RIO - Embora ainda sob avaliação do governo federal, o programa Um Computador por Aluno (UCA) já recebeu adesão de 220 municípios e Estados interessados em comprar 204 mil máquinas.
Para aproveitar a isenção fiscal que reduz o preço de cada equipamento para até R$ 344, parte das secretarias de Educação comprou os netbooks antes de capacitar professores. Pesquisa do Instituto de Economia da UFRJ mostra que a preparação dos docentes é uma barreira para o sucesso do programa.
Em seis municípios que integraram o projeto-piloto, foi relatada preocupação dos professores com a “falta de planejamento”, a “chegada brusca” dos netbooks e a falta de estrutura física e elétrica. Mas docente reconheceram os benefícios do uso dos equipamentos, como a inclusão digital dos alunos e das famílias.
Na primeira fase , o governo distribuiu 150 mil computadores a 300 escolas. Na etapa atual, lançada em dezembro passado, foi feito registro de preços para 600 mil netbooks, que custam R$ 344,18 no Centro-Oeste, no Norte e no Sudeste e R$ 376,94 no Nordeste e no Sul. Cada Estado ou município decide se adere ou não, pagando com recursos próprios ou a partir de linha de financiamento do BNDES.
Para o Ministério da Educação, os efeitos concretos só poderão ser percebidos a longo prazo. “Pode levar até cinco anos para conseguirmos provar se aquela ferramenta melhorou a capacidade de aprendizagem”, afirma Mauro Moura, coordenador de Tecnologia do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que gerencia o UCA.
Experiência. A prefeitura de Maricá (RJ) decidiu comprar computadores para os 14 mil alunos da rede municipal, por R$ 4,8 milhões. Cerca de 70% dessa verba vem de royalties do petróleo. Além de usar os computadores em sala, os alunos poderão levar as máquinas para casa, mesmo nas férias.
Mas no município também a distribuição das máquinas começou a ser feita antes da formação dos docentes. “Os professores estão incluídos na segunda etapa do projeto e vão receber capacitação a partir de novembro, embora alguns já estejam familiarizando os alunos”, informou a prefeitura, em nota.
Para o Sindicato dos Profissionais em Educação de Maricá, a compra dos computadores é uma “inversão de prioridades”. “É mais importante investir na base, abrir mais vagas, suprir a carência de professores e valorizar os profissionais”, avalia o diretor de imprensa da entidade, Luciano Vasconcelos. “E se não souberem usar o equipamento, eles serão subutilizados.”
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