Jornal do BrasilBreno Rosostolato
Entendo a lei que proíbe a palmada como um grande equívoco e, por isso, sou contra. Devo, de antemão, deixar muito claro que repudio a violência e o espancamento de crianças, mas não sou contra a palmada. Existem no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) leis punitivas contra agressões. Pais que não sabem diferenciar um espancamento de uma palmada devem, no mínimo, repensar sua condição de cuidadores. A palmada serve para sinalizar à criança a informação mais importante de sua educação e da sua existência, o "não". O limite é dado diante da negação e, algumas vezes, a compreensão, o ensinamento acontece atrelado a uma dor, seja física ou emocional. A palmada deve ser associada à palavra para que a criança compreenda que ela não pode fazer determinadas coisas. A palmada, muitas vezes, complementa a palavra que não é assimilada pela criança. Sou a favor da palmada com explicação, revelando ao filho que existe um "não". Logicamente que o aspecto negativo da palmada é o uso banalizado. Os pais devem policiar-se, pois são os interlocutores da educação – e reparem que insinuo que a palmada é um instrumento, um recurso que deve ser utilizado em momentos pontuais: birra, teimosia e por aí vai. O diálogo deve ser considerado o principal vínculo entre pais e filhos. Não quero fazer apologia à palmada, mas critico a desproporção de adultos que violentam a infância, que é o momento de pleno desenvolvimento e que conduzirá e moldará o comportamento, as escolhas e a postura da criança. Tantos exemplos vemos hoje de crianças sem educação alguma. São os mesmos adolescentes que agridem professores, pais… Proibir uma palmada é infantilizar uma sociedade.
A prerrogativa de que uma criança que recebe uma palmada tornar-se-á um adulto violento me parece pouco consistente, pois não conheço criança violenta por causa de uma palmada, mas sim porque era espancada e apanhava violentamente de um adulto.
Não tenho dúvidas que os idealizadores da lei são bem intencionados, mas a intenção não é ser bondoso, mas educativo. Uma lei como essa desautoriza os pais – a mesma autoridade que foi corrompida e se esvaiu em decorrência desses mesmos pais que, em algum momento, foram negligentes com seus filhos. Na verdade, proibir uma palmada é uma maneira de sustentar a culpa da falha.
Breno Rosostolato é psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina
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