domingo, 9 de outubro de 2011

FRIEZA E POUCOS APLAUSOS QUANDO O PROFETA É AUTÊNTICO

Frieza e poucos aplausos quando o profeta é autêntico


Caro Internauta, com imensa alegria, ofereço-lhe este belíssimo artigo do teólogo Inos Biffi, que traduzi e com o qual concordo inteiramente. Leia, reflita e pense nos falso profetas dessas últimas décadas e naqueles outros, verdadeiros, que estão nas nossas paróquias, sem venderem livros ou atraírem holofotes falando mal da Igreja, mas vivendo apaixonadamente o Jesus crido, adorado, vivido, anunciado e testemunhado pela sua Igreja católica! Boa leitura!

Para um cristão, importa a fé, ou seja, o acolhimento da Palavra de Deus, que o torna participante do desígnio divino Ora, se alguém é crente, é também profeta, já que, olhando bem, a profecia significa não tanto o anúncio do futuro, mas do eterno e também do “presente” compreendido como o eterno no tempo.
Além do mais, toda previsão realizou-se e esclareceu-se em Jesus Cristo, “o Profeta” (cf. Jo 1,21), de modo que a profecia cristã coincide exatamente com o testemunho cristão (isto, com o testemunho de Cristo – nota minha).


Verdadeiros profetas

Hoje, não raramente, escuta-se desejar e rezar para que a Igreja seja crível e seja profética. Trata-se de acréscimos supérfluos e quase deformantes. Pela sua própria natureza a Igreja é crível; de outro modo não seria a Igreja. Mais que ser crível, a preocupação deve ser a de ser crente: na fé e nas obras luminosas que a acompanham (cf. Mt 5,16) residem os motivos da credibilidade e são oferecidos os sinais da profecia, isto é, da viva e operante presença do Evangelho.
Do mesmo modo, é fácil hoje em dia ouvir evocar e exaltar como “profetas” sacerdotes, religiosos ou leigos que, com os seus gestos e palavras, teriam particularmente antecipado o Vaticano II.
Talvez também neste ponto não faria mal uma certa cautela, especialmente quando se constata que aquelas “profecias”, proferidas com categórica segurança, eram, muitas vezes, cheias de ressentimento e, às vezes, de azedume, em relação ao magistério e à pastoral da Igreja “oficial” ou “jurídica”, como era chamada, e como tal julgada retrógrada, presa a velhos compromissos, incapaz de ler os “sinais dos tempos” e, portanto, resistente à reformas radicais.


Frei Damião: verdadeiro profeta

Tem-se, de tal modo, a idéia de que, para ser profeta, é necessário ultrapassar a doutrina e a práxis da Igreja institucional e hierárquica; isto é, seria preciso escolher uma Igreja “espiritual” e dinâmica e percorrer um caminho novo, com uma escuta mais fiel ao mundo e uma mais corajosa aliança entre fé e cultura.
Poderíamos observar que, ao fim das contas, aqueles profetas tão exaltados pertenciam à casta selecionada dos cristãos cultos, convencidos de falar em nome do Povo de Deus, que ficava efetivamente indiferente e eles e continuava na convicção que Jesus não os tinha colocado como guias da Igreja.
É comum se afirmar a respeito deles que antecipavam corajosamente o Vaticano II. É fora de dúvida que em alguns crentes – pastores, teólogos, leigos cristãos – não faltaram fundadas e felizes intuições e desejo de renovação e de reforma, recebidos e postos em prática depois pelo concílio, que os inseriu na ortodoxia da Tradição. Efetivamente, esta (Tradição – nota minha) representa a substância do próprio concílio, como aparece claramente a quem, sem preconceitos pós-conciliares, tenha a honesta paciência de examinar os documentos.
Totalmente diferente é, ao invés, o valor das “vozes proféticas”.
Se ao invés de se deixar levar, com um hábito monótono e acrítico, pelos elogios sonoros de tais vozes, e se submetesse a um exame rigoroso, recordando as circunstâncias concretas em que elas ressoavam, se perceberia o quanto o seu ensinamento, alternativo e paralelo àquele dos autênticos mestres da fé, era desviante e se compreenderia porque esses mestres nutriam reservas ou fossem desconfiados e tomassem medidas concretas.


Verdadeira profetisa

Não quero afirmar que qualquer suspeita fosse sempre lícita diante da auto-atribuição do carisma da profecia. Hoje se pode avaliar melhor o quanto algumas intervenções, que pareciam iluminações do Espírito Santo e inteligentes aberturas à cultura na verdade fossem inaceitáveis do ponto de vista da fé e destruidoras e, que, pelo contrário, a visão previdente fosse exatamente aquela dos católicos “antiquados”.
Poder-se-ia também observar a incoerência daqueles que, se apresentando como “profetas”, lamentavam-se por serem perseguidos... Mas, os verdadeiros profetas na história sagrada nunca foram aplaudidos. Basta recordar Jeremias.
Mas, a esta altura, surge a pergunta: Quais são as profecias e os profetas de que a Igreja tem necessidade em cada época? Como no início, se a autenticidade e intensidade da profecia cristã é medida pela autenticidade e pela intensidade da fé e, portanto, pela santidade, parece-nos, por exemplo, uma grande e decisiva profecia o concílio de Trento, com os seus decretos doutrinais e pastorais, as suas disposições de reforma, diante do esfacelamento de uma Reforma que, desprezando a Tradição, espatifava a Escritura, eliminava quase todos os sacramentos, e primeiramente a Eucaristia, e dissolvia o ministério ordenado e a hierarquia.
Então, como verdadeiros profetas, sempre para ficarmos no tempo da Reforma católica, destacam-se São Carlos Borromeu, promotor não só retomada evangélica estabelecida e incentivada pelo concílio tridentino, mas também de uma renovada cultura, que foi marcando a sociedade tão profundamente que, ainda hoje, aonde a sua obra chegou, se pode constatar os frutos benéficos. E juntamente com São Carlos Borromeu, podem-se recordar outros excelentes pastores ou grandes fundadores de ordens e congregações religiosas, como Santo Antônio Maria Zaccaria, que preparou a reforma católica, ou Santo Inácio de Loyola, e, em seguida, São Filipe Neri, São Camilo de Lellis, são Vicente de Paulo.
E mais próximos de nós, se quisermos parar nos santos do “acolhimento” – mas, naquela época se falava sem acanhamento de “caridade cristã” por amor de Deus – eis São José Benedito Cottolengo, São João Bosco, Don Guanella, o Don Orione, para recordar alguns, que não tinha medo de manter uma linguagem claramente cristã, em conformidade com a sua profissão reçigiosa, que aparecia em tudo.
Com a sua “profecia”, pouco teórica e muito prática, foram autores das mais radicais “revoluções”. Também eles não tiveram sempre uma vida fácil e aplaudida na Igreja e, no entanto, não acharam nunca, como escreve o Cardeal Giacomo Biffi, “um ato particularmente meritório falar mal da Igreja”. Em todo caso, as marcas da profecia deles ficaram profundamente seja na própria Igreja seja na cultura, que ajudaram a tornar cristã. O cristão deseja não tanto dialogar, com recíproca admiração, com a cultura do mundo, mas crias com a força do Evangelho uma cultura nova, na certeza de que a promoção humana não se acrescenta à evangelização, mas é o seu fruto!
Aos discípulos do Senhor não importa uma profecia como antecipação da cronologia ou previsão do futuro; não se esforçam para ler os “sinais dos tempos”, pois já possuem a leitura que Jesus Cristo morto e ressuscitado fez uma vez por todas. Nem mesmo se esforçam para convocar novos concílios que respondam às expectativas dos tempos, insatisfeitas com os concílios precedentes.
Os cristãos se preocupam na verdade com uma profecia que consiste numa ortodoxia sempre mais tradicional e, portanto, íntegra e límpida; alegram-se e são tomados de admiração com o carisma do Magistério que, em virtude da assistência do Espírito santo, assegura a fidelidade à Palavra de Deus; tornam evidente a comunhão com Cristo nas obras de fraternidade; pregam que o destino do homem é a vida Eterna.
E sabem que, como já agora Jesus Cristo está presente, existe já agora a verdadeira Igreja, mesmo não sedo ainda toda na condição gloriosa.
Todos os membros do Povo de Deus são chamados a ser profetas, exatamente porque são todos chamados a serem crentes. A profecia é a fé.

 
Verdadeiro profeta

DOM HENRIQUE

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