Ano de eleições. Mais uma vez a população se prepara para exercer a cidadania pelas urnas. Mas será que realmente a maioria das pessoas politicamente ativas, ou seja, aquelas que possuem o direito ao voto sabem do significado e da importância do ato de votar?
Caso seja feita uma análise da história do voto no Brasil, desde o período imperial até os dias atuais, constataremos algumas informações interessantes sobre o sistema eleitoral brasileiro e a participação das pessoas nas eleições.
Em 1824, ano da primeira Constituição, ainda no período imperial, as mulheres não participavam das eleições somente podendo votar os homens maiores de 25 anos e que possuíssem uma renda significativa de 100 mil réis, sendo este valor alterado para 200 mil réis algum tempo depois.
Para os analfabetos, o direito ao voto chegaria em 1882 ampliando o número de pessoas que teoricamente participariam do processo eleitoral, apesar de uma porcentagem significativa da sociedade desta época ser considerada analfabeta.
Com a proclamação da República em 1889 foi extinta a renda mínima para se votar, mas era necessário que os eleitores soubessem ler e escrever para exercerem seus direitos.
Somente no ano de 1932 as mulheres passariam a ter direito ao voto, e dois anos após aconteceria a redução da idade para 18 anos e o voto passaria a ser considerado obrigatório para todos.
No ano de 1937 ocorreria um retrocesso devido à criação do Estado Novo (1937-1945) que suspenderia as eleições e colocaria Getúlio Vargas no poder como ditador durante longos anos.
Nas eleições de 1945, depois de um período autoritário, a população voltaria às urnas, participando das eleições e elegendo Eurico Gaspar Dutra (1946-1951) presidente de um momento considerado democrático.
Novamente em 1964 a sociedade sofreria um duro golpe com a suspensão de todas as liberdades democráticas, devido à instauração da ditadura militar, que impediria a participação popular na vida política do país durante um período de 21 anos.
As eleições diretas para governadores voltariam ao país no ano de 1982 e os analfabetos passariam a ter direito ao voto em 1985.
Os jovens conseguiriam o direito de participar, facultativamente, da vida política, com a idade de 16 anos, somente em 1988.
Finalmente, no ano de 1989, retornariam as eleições diretas para presidente depois de uma grande mobilização por parte da sociedade civil conhecida como movimento das Diretas Já.
A modernização das eleições aconteceria com a substituição das antigas cédulas de papel pelo sistema eletrônico de votação no ano de 1996, trazendo assim, mais credibilidade e agilidade nos resultados das eleições.
Como pudemos analisar, nesta síntese da história política do voto no Brasil, existiram avanços e recuos na participação por parte da sociedade no ambiente político nacional. Muita luta foi necessária para que se construísse uma democracia na qual todos pudessem expressar suas opiniões pelo voto.
Nos dias atuais, percebe-se nas ruas o total desinteresse e apatia por parte das pessoas quando o assunto é política e eleições. Isto acontece devido ao grande “fosso” que separa a sociedade das práticas políticas exercidas por quem deveria agir em beneficio da coletividade.
A cada novo processo eleitoral a população politicamente ativa, e que exerceu o sufrágio nas ultimas eleições, sente-se enganada e cada vez mais desiludida pelas promessas de campanhas não realizadas.
Penso que, nos anos eleitorais, não deve a sociedade apenas votar, mas participar de forma organizada e ativamente das discussões políticas, sendo também necessário que cada eleitor acompanhe após o pleito a trajetória dos políticos eleitos.
Se não agirmos dessa forma, com certeza, passaremos mais alguns anos reclamando da violência que só aumenta, da falta de educação, da inexistência de saúde, da corrupção e de todos os males trazidos pela falta de informação e participação.
Como disse Arnold Toynbee um historiador inglês: “O maior castigo para quem não gosta de política é ser governado pelos que gostam”.
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