A discriminação deixa muita gente triste. E, de acordo com a
pesquisadora Ana Gabriela Andriani, é na escola que ela se manifesta primeiro
Manoella Oliveira
Há algumas semanas,
fizemos uma enquete aqui, no Meu Planetinha, perguntando se a cor da pele das
pessoas influencia o tratamento que você daria a ela. Ficamos felizes em saber
que a maioria dos nossos leitores acha isso uma bobagem, mas alguns internautas
ainda pensam que isso é motivo para agir diferente – o que nos deixou muito
tristes. E você? Em que grupo está? Se é no segundo, já parou para refletir em
sua forma de ver o mundo?
A psicóloga e doutora
em Educação, Ana Gabriela Andriani, está na turma dos que acham o racismo um
absurdo. E ela sabe o que diz. Conheceu de perto esse problema (que também é
crime) quando desenvolveu seu mestrado para investigar as relações que as crianças
de uma escola pública da periferia de São Paulo estabeleciam entre si, de
acordo com a cor da pele.
“Elas percebiam o
racismo e o relacionavam à violência. Acredito que elas consideram uma prática
violenta porque elas eram xingadas e isso causa sofrimento”, conta Ana
Gabriela. A especialista diz, ainda, que é na escola que as crianças percebem
esse tratamento preconceituoso, a partir de comentários mal educados e de
péssimo gosto feitos por colegas. “Em casa e em família, como não há esse tipo
de desrespeito, elas ficam protegidas dessa realidade ruim”, afirma a
psicóloga.
As crianças negras
disseram que tentavam não se importar, mas que têm menos amigos por causa do
preconceito. Além disso, se sentiam humilhadas, tristes e com raiva. Faz
sentido despertar tantos sentimentos ruins em alguém?
“Isso é histórico, uma
herança colonial. Com o tempo essa questão da discriminação foi se
transformando. Antes, era explícito. Hoje, ninguém se diz praticante, mas
acontece”, explica.
O QUE A ESCOLA PODE
FAZER?
Na opinião de Ana
Gabriela, as escolas preferem não tocar no assunto, por ser polêmico. Mas muito
pode ser feito. Uma dica da psicóloga é que os professores e os diretores
escolham com cuidado os livros que serão recomendados e usados em sala.
Muitas vezes, os livros
reproduzem o preconceito. Por exemplo: mostram uma historinha em que o dono da
casa é rico e branco enquanto o empregado é negro.
Outras idéias são
dinâmicas de integração da turma, aulas temáticas e teatros podem ser úteis
para tornar os colegas cada vez mais unidos e conscientes de que racismo é uma
bobagem, um absurdo e um conceito velho. Por que será que isso ainda
existe?Leia também:
Consciência
negra
Nenhum comentário:
Postar um comentário